quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O Homem Ideal

(baseado em texto lido do blog www.madameviu.blogspot.com)

Ele existe, sim. E, graças a Deus, está muito longe da perfeição.
O homem ideal me faz rir mas nunca usa o riso contra mim.
Fala bobagens e ri das minhas também.
Entende e entra na brincadeira...
Tem a rara habilidade de saber ouvir e só diz o que é necessário, bom ou a dura e intransponível realidade.
Compreende a diferença entre estar presente e fazer companhia.
Não é prolixo, nem tenta impressionar.
Entende de vinhos, de música, de literatura e esportes, porém autêntico, admite que não entende de tudo, até mesmo de sexo na sua totalidade(e eventualmente confessar que gosta mesmo é de pinga).
Ele não exige a todo instante meu lado risonho porque sabe, como sabe, de tantas outras coisas não ditas em sentenças ou discursos, que os dias negros fazem parte de mim.
Nota as sutis alterações de humor pelo tom da minha voz ou pelo meu modo de escrever e, antes de prejulgar as razões, se predispõe a fazer cafuné ou, sensato, cala-se ao meu lado. E não exige explicações porque possui uma calma sabedoria que me impele em sua direção: dividir minhas angústias e anseios com este homem é tão acolhedor quanto andar sob o sol de primavera, no parque do Ibira.
O homem ideal me dá bronca quando abuso da minha independência ou como chocolate demais e depois reclamo do peso. Ele compra sorvete light e evita discussões posteriores. Compreende que preciso da sensação indescritivelmente libertadora de sumir de vez em quandoe, mesmo não concordando com ela, não me interroga como um oficial do DOI-Codi quando apareço.
O homem ideal canta. Não precisa ser afinado, mas sussurra (seja ao telefone ou ao vivo) canções que, num dia qualquer, mencionei gostar. Pode saber dançar. E, se não souber, que mantenha a dignidade e fique sentadinho me observando. Também bebe. Meio pinguço, é daqueles que ficam charmosos de matar com um copo de uísque nas mãos. É deliciosamente sacana três doses acima do normal. Enterra os bons modos e fecha abruptamente a porta do quarto, sem tempo para que eu responda à pergunta nem sequer formulada. Adormece aconchegado a mim, mas não suporta ficar agarrado durante toda a noite. E também curte cozinhar. Diverte-se tanto numa loja de condimentos como diante de uma prateleira de CDs. Não me expulsa da cozinha mesmo que eu esteja atrapalhando. Não me dá fusilli na boca mas o serve no meu prato, com muito queijo e molho.
O homem ideal está sempre disposto a me ouvir, mesmo que seja nos minutos desagendados à força durante o dia cheio, e não usa trabalho nem cansaço como desculpa para suas eventuais faltas; as assume e, até, se desculpa. Não se esquiva de discutir os problemas que não se solucionam com notas de 100.
Não considera fraqueza dizer que me ama. Pede ajuda quando sente que o peso colocado sobre seus ombros extrapolou sua força. E chora.
Não faz promessas porque sabe que nem sempre é possível cumpri-las.
Vive regido por sua consciência e, impulsivo, assassina a etiqueta e comete atos passionais. Então faz besteiras, erra, engana-se. E nem por isso deixa de ser maravilhoso - apenas segue sendo magnífico e tropegamente humano.
O homem ideal é imperfeito, numa imperfeição que combina exatamente com a minha...

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